Navio
Navio
Eu sou navio,
e você é água por onde tenho percorrido.
Mergulho em tuas águas profundas
sem saber como voltar.
Eu sou navio,
em tua dimensão fui navegando e sendo navegada.
Fui amada, desejada, desnudada.
Vida minha, vida minha desventurada!
Porque eu sou navio perdido
e sem querer me achar,
Trafegando por entre as pedras do teu leito,
buscando abrigo em teu quente peito.
Eu sou navio, você é mar traiçoeiro
e lançou-me em tuas encostas rochosas,
sem saber, sem querer, sem poder, e querendo,
fui de encontro ao inevitável.
… … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … …
Eu era navio.
Despedacei-me em você.
Agora sou náufrago, sem porto, sem cais,
pedaços de mim que já não são nada mais.
O sol escaldante me queima agora a
pele porcelana, e as marcas ficarão
para sempre no corpo e na alma.
Porque eu era navio… Hoje sou dúvidas.
– Alma naufragada.
© Por Lilly Araújo-Direitos Autorais Reservados.
Posted on 19 de Outubro de 2010, in Poemas de Lilly and tagged Alma, Amor, Corpo, Lilly Araújo, Navio, Náufrago. Bookmark the permalink. 2 comentários.
Maravilhoso poema! Simplesmente perfeito.
Suzana Guimarães – Lily
Oi Querida Suzana,
fico muito satisfeita com sua presença aqui e seu elogio. muito obrigada pelo carinho!!!