Monthly Archives: Abril 2011
Beijo
Beijo
Eu te beijo com os olhos, com a boca
e com paladar.
Assim que te vejo já vou me jogar,
e me perco nos teus beijos de mar…
Eu te beijo com o corpo e com a alma,
estando acordada ou dormindo.
E assim que desperto eu corro para teus
lábios que me aceitam sorrindo.
Eu assim te desejo: num louco e forte beijar.
Porque hoje é dia do beijo,
e amanhã também será,
Para mim que te beijo querendo te matar…
– De beijos!
Por Lilly Araújo-13/04/2011 – Direitos Autorais Reservados.
Meu Palimpsesto
Meu Palimpsesto
Porque tu eras o meu poema maior
e sobre ti nasceram tantos outros,
que fui escrevendo sem pretensão nenhuma
de te prender entre os meus dedos.
Eras o meu pergaminho mágico,
o meu poema sempre inacabado
em que eu, a cada dia,
acrescentava um verso feliz
logo depois de mirar teus olhos.
Eras o início e o fim da minha devoção.
E eu te compus em versos,
em prosa, em odes inteiras
e te reinventava a cada nascer do sol
porque julgava inacabada a minha obra-prima,
a minha redenção.
Eu reescrevi a nossa história tantas vezes,
mas sempre com finais felizes.
Eu reescrevi e só depois percebi
que a nossa história não cabia em livros.
Nem no mais profundo dos universos fictícios
o nosso amor poderia mesmo existir.
Autora: Patrícia Lara
Escrevo Dentro da Noite
“Escrevo Dentro da Noite”
Estou escrevendo para não gritar. Para não acordar
os que dormem felizes lado a lado,
os que repousam, aconchegados,
os que se encontram e continuam juntos
e não precisam sonhar
porque não dizem adeus…
Estou escrevendo para não gritar. Para enfunar o coração
ao largo.
E as palavras escorrem salgadas como um córrego de águas mortas
num silencioso pranto.
Tão perto, e nem percebes minha insônia. Nem ouves a confidência.
que põe nódoas no papel para não ter que acordar-te
e se transmuda em palavras, que são estátuas de sal.
Estou escrevendo para não gritar. Para não ter tempo
de acompanhar a noite,
para não perceber que estou só, irremediavelmente só,
e que te trago comigo
sem outra alternativa que o pensamento
– cela em que me debato a olhar a lua entre grades.
Estou escrevendo para não gritar. Para não perturbar
os que se amam
se juntam, e se estreitam, e sussurram na sombra
e passeiam ao luar,
para que as palavras chovam num dilúvio, silenciosamente,
e me alaguem, e me afoguem, e me deixem pela noite a dentro
como um corpo sem vida e sem alma,
a flutuar…
( Poema de JG de Araujo Jorge
do livro”A Sós…” 1a ed. 1958 )