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Tua Declaração

Tua Declaração

 

Ah, se soubesse o peso da tua declaração!
Quando o meu corpo rendido
eu te oferto, como fruto maduro ao teu paladar,
e no teu corpo macio eu me aninho silente,
ouvindo uma canção de ninar.

Ah! Se soubesses ou pudesses imaginar
como me faz bem teu sentimento,
e como me parece matar.
Quando entrelaçados num momento
eu tenho rendido o teu ser no meu ser,
e eu mesmo me rendo sem dever.

Ah, se sentisses o que eu sinto!
Quando caem sobre mim as tuas palavras,
e me perpassam e me ameaçam.
Essas tuas palavras me querem mesmo matar.

Ah! Se entendesses o que eu sinto por dentro,
quando me olhas profundo nos olhos,
e num profundo momento, de um acontecer insano,
abre teus lábios assassinos e dizes: – Eu te amo!

© Por Lilly Araújo -12/11/2006 – Direitos Autorais Reservados.

Publicado na CBJE

Hoje

Hoje

 

Hoje. Ontem. Amanhã.
Hoje, apenas hoje!
Um agora inevitavelmente suave e bom.
Hoje eu. Hoje você. Hoje nós.

Hoje eu quero novamente ouvir sua voz,
ouvir qualquer palavra exagerada,
carregada das impressões de quem está apaixonado.
Sentir teu perfume, de teu corpo, da tua alma.

Hoje eu novamente quero ouvir tua voz e te ver,
cada gesto teu que é tão meu e me traz vida.
Estás gravado em mim como em uma lápide.
Eu – lápide, transcrevendo você.

Hoje o teu braço tímido pode envolver-me
em um abraço furtado com gosto de doce.
Hoje e apenas hoje! E amanhã?…
Apenas quando o amanhã for hoje.

Ontem eu nem sei mais! Mas hoje…
Ah! Como hoje demora a chegar!
O teu sorriso no ar, teu desajuízo,
teu descompromisso e o meu gozo,
o meu riso maroto, e uma lerdeza no olhar.

Ontem? Nem me lembro mais.
Amanhã? Não quererei adivinhar.
Mas hoje…

© Por Lilly Araújo – Direitos Autorais Reservados.

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Navio

Navio

Eu sou navio,

e você é água por onde tenho percorrido.

Mergulho em tuas águas profundas

sem saber como voltar.

 

Eu sou navio,

em tua dimensão fui navegando e sendo navegada.

Fui amada, desejada, desnudada.

Vida minha, vida minha desventurada!

 

Porque eu sou navio perdido

e sem querer me achar,

Trafegando por entre as pedras do teu leito,

buscando abrigo em teu quente peito.

 

Eu sou navio, você é mar traiçoeiro

e lançou-me em tuas encostas rochosas,

sem saber, sem querer, sem poder, e querendo,

fui de encontro ao inevitável.

… … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … … …



Eu era navio.

Despedacei-me em você.

Agora sou náufrago, sem porto, sem cais,

pedaços de mim que já não são nada mais.

 

O sol escaldante me queima agora a

pele porcelana, e as marcas ficarão

para sempre no corpo e na alma.

Porque eu era navio… Hoje sou dúvidas.

– Alma naufragada.

 

© Por Lilly Araújo-Direitos Autorais Reservados.

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