Monthly Archives: Outubro 2014

Eu me despeço

Eu me despeço mais uma vez,
o dia já finda tristemente
carregando consigo o sol,
não resta esperança
de te ver retornar do ocaso.

Eu me despeço,
e me recolho,
como as aves selvagens
que procuram abrigar-se no galhos
que são os abraços da natureza.

Eu me despeço saudosa,
e com uma sombra de tristeza,
porque no seu adeus havia
tanta ternura que imaginei ter lido
nas entrelinhas um até breve,
um até mais!

Eu me escondo agora na penumbra,
vou deitar na solidão
apenas comigo mesmo e a saudade,
e na memória as impressões de suas digitais

Lilly Araújo

Não tenha medo meu amor

Não tenha medo meu amor! Eu cuidarei de você
como se fosse uma delicada flor.
Eu te envolverei nos dias mais frios
e te aquecerei com meu amor.

As minhas lágrimas hão de molhar
a sequidão de estio
por onde um dia andaram seus passos ,
e eu te apertarei contra mim
tatuando-te em meus abraços.

Não tenha medo meu amor!
Eu te aquecerei nos dias mais frios
e quando precisar, também
serei teu refrigério.

Não tenha medo do caminho escuro
que te convido a trilhar ao meu lado,
porque o brilho do meu riso interior
apagará todo nosso passado,
e a dor do desencanto não será mais.

Não tenha medo,
porque quando tuas lágrimas quiserem cair,
eu estarei bem aqui,
e serei o teu lenço, teu consolo,
teu afago, teus lençóis e teu corpo.

Não tenha medo de sorrir com meu riso,
e entregar-me teu pranto.
Não tenha medo de mim, que acabo de chegar
e já te amo tanto.
É que te procurei por toda minha vida,
para render-me pela eternidade.

Andei vagando por caminhos perdidos
por tanto e por tanto tempo,
que a luz que achei em você foi o meu farol,
e o teu corpo transformou-se
em meu porto.

Não tenha medo meu amor,
porque do meus próprios temores
eu também tenho fugido,
e entre labirintos eu trilho cada dia
com o olhar fixos no céu,
e nos lábios uma fervorosa prece:
– Que teu amor se entregue para mim,
e que ele se apresse!

Estou com medo meu amor!
Onde estará seu abraço?
Onde o ninho em que me aconchego?
Estou com olhos marejados e medo do mar,
Onde estará o seu peito para eu me ancorar?

Curta e Grossa

Curta e grossa

Vou ser curta e grossa.
Eu ando fingindo essa calma toda pra você,
eu sorrio e aceno com a cabeça que está tudo bem,
mas pra ser sincera, não está nada bem.

Vê se consegue me sentir!
Eu estou correndo contra mim ,
esperando sem saber o que, ou porquê,
e pra ser curta e grossa, isso tudo é um saco!

Te querer, e nem conseguir esconder,
não saber brincar de esconde-esconde.
Eu até já fui boa nisso,
mas só quando era criança…
Não no amor.
No amor: – nunca!

Pra ser curta e grossa,
eu digo que está tudo bem,
que você não me deve nada,
que sou adulta e vacinada,
mas a verdade é que não há vacina
pra esse bicho da paixão.

E pra ser curta e grossa,
eu tô com vontade da sua mão,
com saudade de gemer,
e com medo do não.

Lilly Araújo

Fingir

Acho muito difícil pôr a cara na vida.
Sou covarde assumida!
Cansada, ferida, batida.
Minhas canelas roxas já não aguentam mais.

É difícil o andar tateando,
dar com a cara no muro e sorrir,
vomitar as dores pra dentro de si,
e fingir…

Lilly Araujo

Crime

Crime

Criminosa que sou, fui presa,
corri pelos corredores
do abismo interior
Mea culpa!

Confesso o meu crime
sem vergonha e sem pudor.
Foi desses crimes que se faz
num rompante de ardor.

Foi sentindo no peito o aperto,
o fluxo quente do meu sangue fervido,
naqueles instantes entre nós,
em que só havia o eco dos gemidos.

Criminosa que fui.
Criminosa me tornei,
quando em seus braços rendida,
todo meu juízo matei!

Lilly Araújo – 21/10/14