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Você não entendeu o meu amor
Você não entendeu o meu amor
Você não entendeu o meu amor…
Ele é daqueles que se calam
ao seu passar, para que não
perturbe nenhum de seus passos.
Você não entendeu, eu acho,
que ele é forte e gritante,
mas também é delicado como a brisa
e sussurrante como o leito
de dois amantes…
Ah!!! Você não entendeu.
(É o que temo).
Porque esse amor meu
é o vulcão mais ardente
e o pôr-do-sol mais sereno…
É o vaguear entre a noite mais fria
e o amanhecer mais ameno.
Você não entendeu o meu amor!
E não devo te culpar jamais.
Quem entenderia as estrelas cadentes,
que por querer se jogam dos céus?
Ou a mariposa a se debater
contra a luz até a morte?
Quem explicaria o obstinado
“caminheiro no deserto”, sempre a espera.
de um oásis, jogado à própria sorte?
Ou o solitário que vive em meio à multidão…
Quem há de entender
tanta coisa por aí sem explicação??
Você não entendeu o meu amor,
porque ele é mesmo assim,
— paradoxo, complexo e antítese de si.
Ele é, e sobrevive dentro de mim,
de um modo que não espera nada
que já não tenha recebido de suas mãos.
Mas ainda assim aguarda…
— Incólume, imutável e crescente…
Esse amor é um daqueles,
que só dá uma vez na gente!
# Lilly Araújo
O Poeta
O poeta é um ser sádico
que se expõe ao risco por
vontade própria,
e ao mesmo tempo
por ser compelido pelo “eu”
que habita em si.
O poeta foge da trincheira,
abandona qualquer chance
de abrigo ou reticências.
Se expõe de peito aberto
à frente da batalha.
O poeta é um ser profundo,
não suporta superficialidades,
ao certo morreria, se enclausurado
ao lado de seres rasos.
O poeta é um ser insano,
de certo nasce com
dois corações e
nenhuma fonte de logicidade.
O amor não é lógico,
é apenas o tudo que se
pode haver definido
em si mesmo.
‑ O poeta também!
* Lilly Araújo 11/02/2015
Gosto que seja assim
Descobri que gosto de te espiar,
assim, às escondidas,
numa página estampada
para qualquer transeunte dessa vida.
Sinto ciúmes que te vejam,
e sinto ridícula ao sentir,
e sorrio de mim.
Gosto do soco no estômago
ao relembrar nós dois.
Gosto do amargo da solidão,
pois só desse modo
o paladar se contrasta e agradece,
quanto de novo te provo
e teu paladar me apetece.
Gosto que seja assim,
devagar…
Ir nos construindo pouco a pouco,
nos desnudando peça a peça,
com uma curiosidade quase pueril,
e desfilar no seu corpo
com desejo febril.
Gosto de passear nas suas curvas,
como as serpentes nas brenhas,
e deixar que de todo tu me tenhas.
Gosto que depois partas sem avisar,
e que faltes,
e distante, eu te aspire,
e te deseje, e não te encontre…
Gosto de sofrer!
Recebo esta dor com efêmero prazer,
esta doce-dor,
que ao cessar,
traz para mim o teu amor.
Esse amor que é todo teu,
e todo meu,
e de ninguém mais…
E assim,
dos teus lábios,
eu posso colher,
gota a gota de um bálsamo
indescritível de prazer.
Lilly Araújo
Sem depois
Eu quero chorar!
Chorar como se só eu tivesse o direito.
Chorar como se só eu, no mundo inteiro,
sentisse essa dor que dói tão profunda
dentro do peito.
Eu quero chorar e me esquecer de tudo
e de todos…
Esquecer da fome mundial,
das doenças incuráveis,
da mazelas sem fim…
Quero chorar egoisticamente,
sentido pena de mim.
Eu quero chorar,
até que as lágrimas todas
saiam e me abandonem,
e expurguem essa dor,
essa emoção sem teto e sem chão.
Chorar tudo até que o tudo se esvazie,
e que esse vazio se junte ao meu vazio,
e sejam enfim dois.
Eu quero chorar todo meu hoje,
sem pensar no amanhã,
sem pensar no depois.
Lilly Araújo
Piegas
Gosto de homem que manda flores,
e me agarro ao buquê, deliciando-me com cada
uma de suas cores.
E cada pétala, cada folha, cada curva, cada detalhe
me absorve e me acaricia.
E o perfume adentra o meu ser, e percorre cada capilar,
invadindo todas cavidades do meu interior,
e fecho os olhos para sonhar…
Sou piegas!
Gosto de homem que faça serenata na calada da noite,
e depois saia de mansinho e me deixe a suspirar,
enquanto eu saboreio as notas musicais,
deleitando-me em cada melodia,
revolvendo-me entre os lençóis desejando mais e mais.
Sou piegas!!
Gosto de amor à moda antiga,
de beijinho no rosto querendo deslizar mais um pouquinho,
de ter entrelaçados os dedos mindinhos,
do meu olhar encontrar pouso seguro dentro do outro olhar,
sem medos, sem culpas, sem superficialidades.
Gosto de águas límpidas e transparentes,
de mergulhar profundo, sem volta, sem medo.
Rendida!
Sou piegas, e sonho com um amor à moda antiga.
Lilly Araújo – 20/09/2014