amar você é coisa de minutos

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Amar você é coisa de minutos

A morte é menos que teu beijo

Tão bom ser teu que sou

Eu a teus pés derramado

Pouco resta do que fui

De ti depende ser bom ou ruim

Serei o que achares conveniente

Serei para ti mais que um cão

Uma sombra que te aquece

Um deus que não esquece

Um servo que não diz não

Morto teu pai serei teu irmão

Direi os versos que quiseres

Esquecerei todas as mulheres

Serei tanto e tudo e todos

Vais ter nojo de eu ser isso

E estarei a teu serviço

Enquanto durar meu corpo

Enquanto me correr nas veias

O rio vermelho que se inflama

Ao ver teu rosto feito tocha

Serei teu rei teu pão tua coisa tua rocha

Sim, eu estarei aqui”

(P.L.)

Você não entendeu o meu amor

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Você não entendeu o meu amor

Você não entendeu o meu amor…
Ele é daqueles que se calam
ao seu passar, para que não
perturbe nenhum de seus passos.

Você não entendeu, eu acho,
que ele é forte e gritante,
mas também é delicado como a brisa
e sussurrante como o leito
de dois amantes…

Ah!!! Você não entendeu.
(É o que temo).

Porque esse amor meu
é o vulcão mais ardente
e o pôr-do-sol mais sereno…
É o vaguear entre a noite mais fria
e o amanhecer mais ameno.

Você não entendeu o meu amor!
E não devo te culpar jamais.

Quem entenderia as estrelas cadentes,
que por querer se jogam dos céus?
Ou a mariposa a se debater
contra a luz até a morte?
Quem explicaria o obstinado
“caminheiro no deserto”, sempre a espera.
de um oásis, jogado à própria sorte?
Ou o solitário que vive em meio à multidão…

Quem há de entender
tanta coisa por aí sem explicação??

Você não entendeu o meu amor,
porque ele é mesmo assim,
— paradoxo, complexo e antítese de si.

Ele é, e sobrevive dentro de mim,
de um modo que não espera nada
que já não tenha recebido de suas mãos.
Mas ainda assim aguarda…
— Incólume, imutável e crescente…

Esse amor é um daqueles,
que só dá uma vez na gente!

# Lilly Araújo

O Poeta

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O poeta é um ser sádico

que se expõe ao risco por

vontade própria,

e ao mesmo tempo

por ser compelido pelo “eu”

que habita em si.

 

O poeta foge da trincheira,

abandona qualquer chance

de abrigo ou reticências.

Se expõe de peito aberto

à frente da batalha.

 

O poeta é um ser profundo,

não suporta superficialidades,

ao certo morreria, se enclausurado

ao lado de seres rasos.

 

O poeta é um ser insano,

de certo nasce com

dois corações e

nenhuma fonte de logicidade.

 

O amor não é lógico,

é apenas o tudo que se

pode haver definido

em si mesmo.

 

‑ O poeta também!

 

* Lilly Araújo 11/02/2015

Necessidades

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É necessário que eu gaste
as tintas que escorrem,
sem protestar, pela caneta nervosa,
que apenas obedece aos meus dedos.
Dedos também nervosos!

É necessário que eu gaste
cada palavra capturada
pela minha rede ansiosa e aflita,
e que me agarre à esperança
de que a solidão fuja ao som,
que retine quando sou lida.
E esperar, que de alguma forma,
essa solidão me esqueça,
me deixe, seja espantada,
por um instante que seja.

É necessário
que eu lance mão das letras,
dos versos,
dos gritos ocultos em cada dígito,
para que eu não morra de vez.
Ou enlouqueça.

É necessário
que eu busque essa prisão
para me prender,
como a âncora busca o fundo
para se proteger do mar,
onde só o navio flutua livre
porque não tem medo de amar.

É por pura necessidade.
Apenas isso.
Não é vaidade, não é arte.

Apenas necessidade,
dessas que se tem todo dia,
como a língua que necessita do paladar,
como as unhas necessitam
afiar-se nas costas da pessoa a amar,
como a serpente que
necessita destilar o seu veneno,
e se insinuar antes da picada.

Apenas necessidade.
E mais nada!

Lilly Araujo

Mais um beijo

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Não há paz completa
dentro do peito de um poeta.
Não há um instante sequer,
que descordenado, descompassado,
assim, como se soluçasse,
ele pare de bater,
ele saiba não doer.

Não há paz, para quem,
assim como eu,
traga um coração bêbado,
trôpego e febril,
sempre a claudicar dentro do peito.
Para nós, pobres poetas,
não há nada que dê jeito!

E nessa guerra fria,
os meus dias congelam-me os pés,
e olho sem entender para o céu cinzento,
que goteja uma garoa fina e constante,
que tomou-me os beijos amantes.

Não há paz!
Nunca mais paz!
Para quem, como eu,
experimentou do néctar do desejo,
e que agora vive a buscar
mais uma dose, mais um trago,
mais um beijo.

Lilly Araújo